Tive o privilégio de ter pais que me ensinaram, desde cedo, a ouvir o tão temido não quando o assunto é finança doméstica: não aos produtos de marca, já que minha mãe costurava as minhas roupas e, caso eu quisesse algum item específico, tinha que caçar na Rua José Paulino com os R$100 que ganhava de Natal; não às mesadas, porque eu deveria trabalhar aos finais de semana limpando as cadeiras da pizzaria do meu pai para receber R$2,50 e comprar meus gibis da Turma da Mônica; não aos presentes fora de época, porque se eu quisesse ganhar algo, deveria esperar até meu aniversário; não aos banhos de mais de 5 minutos, caso contrário ouvia meu pai batendo na porta e gritando: "o meu dinheiro não é capim!". Os "nãos" que ouvi ajudaram a formar o meu caráter e me ensinaram algumas lições: aprendi que dinheiro não cai de árvore e que nada vêm de mão beijada.
Todos esses "nãos" também me ajudaram a desenvolver um certo autocontrole em relação aos meus grandes gastos e a pagar mais caro apenas por aquilo que eu quisesse muito: foi assim com a minha guitarra, notebooks, câmeras digitais, a bateria eletrônica, vídeo-games, viagens, minha faculdade, as pós-graduações, cursos livres... Enquanto morava com os meus pais, consegui também fazer um pequeno pé-de-meia. O objetivo? Não tinha nenhum! Apenas transferia algo para o cdb mensalmente e esperava render... Essa grana, felizmente, me ajudou com os eletrodomésticos e mobília da minha atual residência, que paguei à vista e com um desconto bem bacana!
Sinceramente, não me arrependo de nenhuma dessas compras ou investimentos! Mas, ao longo dos anos, percebi que os meus maiores problemas sempre foram os pequenos prazeres do dia-a-dia, aqueles que na hora parecem bem insignificantes: roupas, comidinhas, produtos de beleza, revistas, brinquedos, itens de decoração, faxinas, uber... Aí você resolve colocar no papel e percebe que, tudo o que parecia ter um impacto muito baixo para o seu bolso, é o motivo pelo qual não sobra dinheiro no final do mês para investir com aquilo que realmente queria ou precisaria!
Passei os dois últimos anos bastante desesperada com a minha situação financeira, porque, pela primeira vez, entrei no cheque especial, não tinha mais um investimento de emergências para contar e comecei a dever mais de quatro dígitos. Mesmo ciente da minha condição, acabava não fazendo planos melhores para diminuir meus gastos e vivia uma vida que não poderia bancar. Lá vai um dos hábitos que desenvolvi nesses anos: chego cansada após um dia de trabalho, estressada porque não tenho dinheiro...
"Poxa, eu poderia pedir alguma comida ao invés de fazer! Eu mereço, não é? Estou no cheque especial, mas depois eu recupero! O que são mais R$30, hein?"
Realmente é um costume muito satisfatório e prazeroso... Apenas para aquele momento! No final do mês já estaria arrependida, porque esse pequeno pé-na-jaca se acumularia com outros e não me deixaria nenhuma lembrança (além do fato de eu estar mais fodida, é claro!). Isso fez eu me sentir ainda mais culpada, frustrada e incapaz, porque vim de uma família que, apesar de não ter uma renda alta, nunca passou um mês devendo para ninguém e se "apertava" caso fosse necessário.
Sem qualquer esperança ou motivação para me recuperar, eis que descubro o canal que me tem sido mais útil no momento: o Me Poupe!, por Nathalia Arcuri. Nath é uma jornalista de 32 anos que alcançou recentemente seu primeiro milhão (de reais, porque de inscritos são quase três!), se preocupa desde cedo com questões financeiras e em poupar para alcançar suas grandes metas. Seus vídeos trazem dicas práticas e desafios para economizar, investir e receber mais dinheiro, entrevistas com ricos convidados e esclarece dúvidas dos inscritos relacionadas às finanças, sempre com bom humor e uma linguagem simples, diferente do economês das revistas e jornais que apenas nos afugentam e fazem a gente se sentir ainda mais ignorante!
Tenho assistido cada vídeo com muita atenção e com meu bloquinho de papel ao lado, pronta para fazer anotações daquilo que considero importante para a minha vida financeira. Adquiri também o livro Me Poupe! - 10 passos para nunca mais faltar dinheiro no seu bolso e devorei em apenas dois dias. Particularmente, não gostava de livros que trouxessem passos ou receitas prontas para o sucesso, seja ele qual fosse. Mas aprendi, ao longo do meu tratamento de depressão e transtorno de ansiedade (quando eu consumia muitos livros de autoajuda), a ler sem preconceitos, filtrando o que é importante pra mim para posteriormente colocar em prática. Felizmente, todas as informações que a Nathalia traz têm sido muito significativas e têm me ajudado a mudar alguns padrões de consumo - especialmente a recuperar o hábito de me dizer "não", como comentei no início deste post.
O livro sistematiza muitas das dicas e desafios propostos nos vídeos, além de trazer novas informações, claro! Embora explique alguns termos relacionados à área da economia, considero muito mais como uma autoajuda do que uma introdução a finanças pessoais: como a autora também é coach, ela facilita o desenvolvimento de habilidades como a organização financeira, a pensar nos seus propósitos, conscientiza sobre a importância de estabelecer metas para poupar o seu dinheiro (e como fazer isso) e usa exemplos de suas vivências para ilustrar que é possível chegar à desejada liberdade financeira.
Tô pronta. Só vem!
Apesar de estar abrindo os meus olhos para essas questões, me ajudando a me planejar melhor e a levantar a bunda da cadeira para buscar soluções, reconheço que as dicas são bastante úteis para aqueles que, como eu, já são privilegiados. Mesmo apertada, eu consigo reduzir os meus gastos essenciais (alimentação, higiene, moradia, água, luz, entre outros) se persistir e manter o autocontrole, tenho tempo e formação para conseguir fazer mais dinheiro ou mesmo vender alguns dos meus itens (como roupas, livros e eletrônicos). Mas não consigo imaginar como uma mãe que recebe um salário mínimo para bancar os gastos essenciais de sua família, que trabalha 8h diariamente (gastando 4h com transporte, 1h com almoço e mais um tempo para cuidar dos filhos e da casa), consiga enriquecer ou ao menos poupar para seu futuro. É uma realidade completamente oposta à minha e aos seguidores do canal, e que também é preciso levar em conta. Mas seria um desafio bacana para seu próximo reality, não? #fikadika PS: Sim, ela produziu seu próprio reality show que você pode acompanhar pelo canal!
"Não poupo para acumular um monte de dinheiro. Poupo porque tenho metas e propósitos. E essas metas e propósitos têm a ver com pessoas e experiências, porque, afinal, viver não é correr atrás de dinheiro. A vida vale pelas experiências que o dinheiro nos proporciona, pelos encontros que temos pelo caminho e pela alegria de estarmos vivos todos os dias." (ARCURI, p. 175)
Obrigada, Arcuri, por me mostrar a luz e que é possível sair do fundo do poço financeiro! Obrigada por fazer deste um dos meus livros de cabeceira (pelo menos até eu desenvolver todos os hábitos)! E, se você também quiser adquirir o seu livro (com um total de dez capítulos ao longo de suas 175 páginas), basta acessar o link para o site da Amazon logo acima! O valor é muito justo, além de ser um grande investimento para seu crescimento pessoal e financeiro!
Obrigada, Thaís!! <3 E bota difícil nisso! As lições, eu aprendi; agora só falta criar os hábitos mesmo! Vamos ver se consigo passar vontade e dizer "não"! XD
Educação financeira é algo muito importante que deveria vir da base da formação de qualquer ser humano, infelizmente não são todos os lares em que os pais conseguem dizer não aos filhos em relação a isso, e muita gente acaba crescendo sem saber administrar o mínimo necessário de suas finanças. Eu acompanho o canal dela e realmente as dicas são bastante válidas! Agora fiquei curiosa quanto ao livro, deve funcionar super bem fazendo anotações e tentando aplicar na vida real! Um beijo http://colorindonuvens.com/
Que legal Fe! Adorei o texto! Eu já vi alguns vídeos dela, mas é bem dificil de se controlar as vezes ne... kkkk
ResponderExcluirObrigada, Thaís!! <3 E bota difícil nisso! As lições, eu aprendi; agora só falta criar os hábitos mesmo! Vamos ver se consigo passar vontade e dizer "não"! XD
ExcluirEducação financeira é algo muito importante que deveria vir da base da formação de qualquer ser humano, infelizmente não são todos os lares em que os pais conseguem dizer não aos filhos em relação a isso, e muita gente acaba crescendo sem saber administrar o mínimo necessário de suas finanças.
ResponderExcluirEu acompanho o canal dela e realmente as dicas são bastante válidas! Agora fiquei curiosa quanto ao livro, deve funcionar super bem fazendo anotações e tentando aplicar na vida real!
Um beijo
http://colorindonuvens.com/
Penso da mesma forma! Assim como o trabalho sobre consumo consciente, que deveria estar presente desde a primeira infância!
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