Além dos livros didáticos de todas as disciplinas, a prefeitura daqui de SP entrega, no início do ano letivo, um Caderno de Apoio e Aprendizagem para cada aluno de acordo com a sua faixa etária. Os cadernos de língua portuguesa tem como uma de suas propostas trabalhar os diferentes gêneros textuais. Como fiquei com uma turma de segundo ano em 2011 e tínhamos que trabalhar com receitas, resolvi desenvolver o projeto do livro.
Antes, é claro, procurei me embasar teoricamente (as referências podem ser encontradas ao final deste post), para em seguida esquematizar as etapas do projeto. É claro que, como todo projeto, nem tudo acaba sendo seguido a risca e no decorrer são feitas adaptações ou melhorias!
As crianças produzindo o livro
Antes de apresentar as etapas, não posso deixar de agradecer, é claro, à Cida, que era a auxiliar da sala (veio para me dar um apoio com o aluno que tinha necessidade especial) e me deu uma grande força! Espero que nesse ano eu tenha alguém tão prestativo e competente como ela pra me ajudar! Obrigada! =)
1. Apresentação da temática do projeto
Expliquei para os alunos que havia tido a ideia de montarmos um livro de receita e perguntei o que achavam e se gostariam de participar - é claro que todos toparam! Em seguida, lançava questões para que pudéssemos esquematizar o nosso projeto (o que deveríamos aprender antes e o que deveríamos fazer para montar o livro) e ia anotando na lousa conforme me ditavam. Foi decidido coletivamente, também, que o livro seria apresentado na reunião de pais, e que todos deveriam se empenhar e ajudar os colegas.
2. Aumentar o repertório dos alunos e a estrutura da receita
Para aumentar o repertório dos alunos, pedi para que levassem livros de receitas, dividi a sala em grupo e propus para que lessem e compartilhassem com os colegas o que leram. Nem todos os alunos eram alfabetizados, então eu acabava lendo para alguns. Depois da leitura, fiz algumas questões para que atentassem à estrutura da receita (título, lista de ingredientes e modo de preparo, que é escrito no imperativo).
Mesmo com as questões alguns não compreendiam a estrutura, então, em um outro momento, entreguei para cada uma cópia de uma receita do livro 40 receitas sem fogão (Corinne Albaut) e pedi para que localizassem o nome da receita, os ingredientes e que utensílios deveriam ser utilizados.
Duas receitas do livro
3. Ler para seguir uma instrução
A ideia inicial era ler para fazer uma receita, mas como não tivemos tempo entreguei para cada aluno uma atividade para que lessem o passo-a-passo e ilustrassem.
4. Revisão de receitas escritas inadequadamente
Dividi a sala em grupos e entreguei para cada uma folha com quatro receitas escritas por alunos de outra turma. Pedi para que identificassem o que esses alunos tentaram escrever, e todos, até os não-alfabéticos, responderam que eram receitas. Perguntei então quais dos textos que mais se pareciam com receitas e quais que poderiam ser melhoradas (pensando na estrutura), e algumas crianças deram as suas dicas. A conclusão final do grupo foi que as receitas devem ser divididas por nome, ingredientes e modo de preparo.
5. Produção coletiva de uma receita e revisão
Propus para que escrevêssemos em grupo a receita de um bolo de abacaxi. Para isso, os alunos deveriam ditar, enquanto eu ia escrevendo na lousa. Após a escrita, fizemos a revisão - o ideal seria ter feito isso em um outro dia, mas acabei aproveitando o momento já que a turma estava produzindo bastante!
Primeira produção de uma das crianças seguida de sua revisão
6. Produção textual individual, revisão, reescrita e ilustração
Lembramos que para o livro ser produzido era preciso nos ajudarmos, então montamos um grande grupo e delimitamos as etapas. Cada um inventaria uma receita em uma folha de rascunho, para depois ser revisada e finalmente reescrita em uma folha branca, que iria compor o livro, e ser ilustrada.
Queria que cada um tivesse feito a revisão de sua receita, mas pela falta de tempo eu mesma acabei revisando e apontando alguns erros de ortografia - sentava do lado de cada aluno para explicar as minhas anotações. Apesar disso, esse momento foi bastante rico porque todos os alunos fizeram questão de participar da produção e aqueles que tinham dificuldades eram ajudados pelos colegas - até os não-alfabéticos escreveram! Foi o momento em que mais senti orgulho deles..
7. Escrita de uma introdução/dedicatória para o livro
Essa etapa deveria ser feita coletivamente, mas também pela falta de tempo acabei pedindo para que um aluno escrevesse - aquele que já tivesse terminado a sua receita e gostaria de escrever, claro.
O projeto, como qualquer outro, não ficou perfeito, mas gostei bastante do processo e do resultado, especialmente porque foi o meu primeiro para Ensino Fundamental I e acabou sendo feito às pressas! Fiquei feliz pelo envolvimento de todos os alunos frequentes da turma e ainda mais por terem sido tão prestativos com os colegas! Crianças que mal sabiam como era a estrutura de uma receita escreveram as suas próprias bem malucas (vitamina de arroz, lasanha de pêssego, bombom de manga, bolo de acerola)... Dá pra acreditar?
Referências
• CURTO, L. M. et. al. A escrita como produção de textos. In: ______. Escrever e ler: como as crianças aprendem e como o professor pode ensiná-las a escrever e ler. Vol. 1. Porto Alegre: Artmed, 2000, (p. 147-168);
• MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo: Ática, 1998;
• SME/DOT. Guia de planejamento e orientações didáticas: 2º ano – Volume 1. São Paulo, 2007-2008;
• ______. Orientações curriculares e a proposição de expectativas de aprendizagem para o Ensino Fundamental I. São Paulo, 2007.
Oie tudo bem?
ResponderExcluirGostei do post, esse projeto do livro é bem legal e muito interessante =)
Bjs!
Muito legal esse trabalho que você fez com as crianças na escola!!! Parabéns!
ResponderExcluirBeijinhos