Dois mil e vinte não foi um ano fácil pra ninguém: foi um ano de medos, de incertezas, de muitas lutas, de ainda mais desgoverno, de descrença nas ciências (quando mais precisamos delas), de perdas de pessoas queridas e próximas, de isolamento social, de banalização de mortes (que continuam aumentando)... Foi um período de adaptações, onde fomos obrigadas(os) a nos adequar ao "novo normal" - que também gerou uma maior sobrecarga física, mental e emocional, afinal levou muitos a saírem de suas rotinas.
Eu com o meu Tokinho - não repara na sujeira ali da parede! |
Não sou otária a ponto de ser grata por 2020 - tampouco contribuir para espalhar mensagens de positividade tóxica ou #gratiluz -, mas reconheço o quanto aprendi ao longo deste fatídico ano. Gostaria que fosse muito menos intenso e sem tantos sofrimentos (não apenas para mim)? Mas é óbvio! Infelizmente esses não foram pontos que pude controlar - daí, no meu caso, consegui os utensílios (reconheço meus privilégios) pra fazer caipirinha dos limões podres que a vida deu...
Diferente de muitos, pude trabalhar em regime de home office: algo positivo, pois fiquei em isolamento social e não coloquei a minha saúde e a daqueles que amo em risco. Mas esse contexto de ensino à distância, especialmente para educação infantil, vai contra tudo o que acredito: só que não havia muito o que fazer, não é? Além disso, tive a sensação de que trabalhei muito mais do que nos nove anos anteriores de magistério. Em parceria com minhas colegas de trabalho, procurei fazer o melhor que podia para me reaproximar dos pequenos e suas famílias. Senti muita falta das interações com as crianças, das brincadeiras, dos projetos, das bagunças, das palavras e gestos de carinho... Talvez isso, em certo momento, ajudou a potencializar a minha ansiedade: mas tenho a consciência de que é uma situação que foge do meu controle.