02 setembro 2012

Sala de aula: Cantos de atividades diversificadas

Para que uma criança tenha uma aprendizagem singificativa, não basta o professor vomitar um monte de informações para que simplesmente absorva. Sabemos hoje que o aluno é parte fundamental para o processo de ensino/aprendizagem (afinal, sem aprendizagem não existe o ensino) e é papel do professor estudá-lo, descobrir o que já sabe, para que, a partir daí, faça as intervenções adequadas para que continue avançando.

Sabemos ainda que nem todos os alunos de uma mesma turma caminham juntos (ou seja, possuem o mesmo nível de desenvolvimento em uma mesma área) e que cada um deles possui um estilo de aprendizagem diferente (temos aqueles que precisam de situações concretas para aprenderem, aqueles que devem ser mais motivados pelo professor para se verem capazes, enfim). Como, então, atingir a todas essas crianças?


Cantinhos de leitura

Para que a aprendizagem seja significativa para todos eles, procuro organizar a minha rotina com diferentes tipos de atividades e recursos: rodas da conversa, brincadeiras, jogos, atividades em folha/lousa, atividades com materiais concretos (alfabeto móvel, tampinhas, cartões, álbuns de figurinhas, etc.), entre muitos outros. A disposição das carteiras/cadeiras também pode promover aprendizados diferentes daquelas que sempre estão enfileiradas: as duplas e grupos produtivos (aqueles que estão em níveis próximos), por exemplo, são ótimos para que discutam suas hipóteses, entrem em conflito e avancem, além de aprenderem a trabalhar com o colega.

Uma prática que está me rendendo ótimos resultados neste ano, e que talvez nem todos os educadores conheçam, são os cantos de atividades diversificadas ou cantinhos. Esta já é uma atividade permanente na minha rotina (sempre realizo na última aula da segunda, terça e sexta-feira) e é um momento em que o professor perde o foco como mediador, afinal os alunos têm a autonomia de escolher o que desejam aprender.



Cantinhos de reflexão sobre a língua

Mas "perder o foco como mediador" não significa que o professor vai ficar na sua mesa lendo revistinhas da Avon ou conversando no celular: este é o momento em que ele observa e faz anotações a respeito dos seus alunos ("como estão se comportanto? estão se ajudando? estão realizando as atividades? qual cantinho que mais gostaram? quem teve dificuldade?") para futuras intervenções, e pode também ficar próximo àquele que tem mais dificuldade no dia-a-dia da sala de aula.

Quando monto a minha rotina, costumo planejar quatro atividades diferentes para os cantinhos que permanecerão durante uma semana e que não exijam a minha intervenção (geralmente atividades que eles já conhecem ou antes da proposta eu deixo claro o que devem fazer). Mas é possível também planejar três atividades que consigam realizar sozinhos e uma com o acompanhamento do professor: o importante é que tenham total liberdade para escolherem o que fazer naquele momento.

Cada um destes nossos cantinhos é um grupo com seis carteiras/cadeiras e somente seis crianças podem fazer cada atividade - isso as estimula a fazer combinados de revezamento -, mas o professor pode montá-los de outras formas (um tapete no chão, uma barraca, do lado de fora da sala, com mais ou menos crianças, etc.).


Cantinhos de artes

Geralmente monto um grupo com atividades de leitura (com livros, revistas, jornais, histórias em quadrinhos), outro de matemática (ex: completar a tabela numérica, ordenar números, explorar a calculadora, contar a coleção de tampinhas da sala, jogo da memória dos números, álbuns de figurinhas), outro de reflexão sobre a língua (ex: escrever determinadas palavras com alfabeto móvel, completar lacunas, ordenar parlendas) e artes (ex: desenhar sobre um determinado tema, modelar com massinha, confeccionar um cartão, recortar e colar figurar de revistas).

Notei que, durante esses momentos, os alunos estão muito mais calmos e procuram ajudar e interagir com os seus pares. Quando têm a autonomia de escolher o que querem aprender, a dedicação às tarefas é muito maior! Além disso, aprendem também a dividir materiais com os seus colegas, a esperar a vez, a respeitar determinadas regras, a ajudar e, é claro, aprendem a respeito de determinados conteúdos e outras habilidades.


Cantinhos de matemática

Observo também que, a partir dos materiais que disponibilizo, eles criam outras atividades: um exemplo foi quando disponibilizei tampinhas para contagem e calculadoras para serem exploradas; as crianças contavam as tampinhas e representavam os números nas calculadoras, sem nem ao menos eu ter feito essa proposta!

Considero que o trabalho com os cantinhos tem sido muito rico, afinal tem proporcionado às crianças aprendizagens significativas em tão pouco tempo. É uma daquelas práticas que, estando com primeiro ou quinto ano, não eliminarei da minha rotina! =)

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